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Agenda ESG: coop reconhece protagonismo na pauta
O movimento cooperativista brasileiro está atento às tendências de mercado e, embora o respeito ambiental, o cuidado social e a boa governança façam parte dos valores e princípios do coop, o Sistema OCB tem estimulado as cooperativas a realizarem análises específicas para mensurar, com indicadores internacionais, as práticas constantes na pauta ESG. O fato motivou a criação e aplicação de diagnóstico no contexto do Programa ESGCoop. Em plenária realizada durante a Semana de Competitividade 2023, a gerente de Desenvolvimento de Cooperativas, Débora Ingrisano, fez uma contextualização técnica e institucional com o panorama atual e os desafios que o movimento precisa vencer para impulsionar ainda mais seus resultados.
De acordo com ela, algumas cooperativas já realizaram o diagnóstico e os resultados positivos já começaram a ser registrados. “Estamos mapeando as boas práticas, medindo impactos de acordo com indicadores qualificados, formando lideranças técnicas e estratégicas para, então, compartilhar, desenvolver e implementar soluções em consonância com os critérios ESG em todo o coop brasileiro. Temos muito a contribuir, uma vez que a sustentabilidade do nosso modelo de negócios está estruturada com base na viabilidade econômica, na justiça social e no cuidado com o meio ambiente. O cooperativismo nasce e vive das comunidades”, descreveu.
A gerente ressaltou que também é objetivo do ESGCoop sistematizar e publicizar os indicadores que comprovam a aderência das cooperativas à pauta para tornar o coop mais competitivo nos negócios e em conformidade com questões regulatórias, além de fortalecer a imagem do movimento diante da sociedade. “São soluções que estamos coordenando como a formação com mentoria, materialidade e rastreabilidade. Lembrando que a neutralidade de carbono está no cerne de nossa atuação”.
O diagnóstico piloto foi realizado com 365 cooperativas de nove estados e de diversos ramos. Segundo Débora, a aderência geral foi de 51,37% (valor máximo 100%) para as 99 perguntas apresentadas nas dimensões social, ambiental e de governança. “É um percentual significativo se considerarmos que o assunto é extremamente complexo, com novas temáticas e critérios ainda sendo discutidos. O tema ESG está efetivamente na pauta dos cooperativistas, tanto que 71% das coops participantes têm conhecimento sobre o tema”, relatou Débora.
A especialista em Sustentabilidade, Finanças Sustentáveis e Inteligência de Mercado no Agronegócio, Rosilene Rosado também participou da plenária e fez recomendações importantes sobre a agenda ESG. A primeira tratou da relação com a cadeia produtiva e o valor dos negócios. “Os atores envolvidos precisam adotar condutas similares às adotadas pela cooperativa no âmbito das práticas ESG. Dessa forma, assume-se compromissos que se desdobram para todos os fornecedores para, de forma estratégica e estruturada, mitigar riscos climáticos, operacionais e de mercado”. Neste quesito da cadeia de valor, ela apontou que o diagnóstico piloto identificou uma pontuação geral superior a 51%.
Em relação à biodiversidade, a consultora destacou que os resultados mostraram que já existe boa percepção sobre as perdas nas atividades que dependem dos recursos naturais. O montante de US$ 58 trilhões do PIB global, segundo ela, é dependente da biodiversidade. “O mundo está atento ao valor global do mercado anual de culturas que são polinizadas e estimadas entre US$ 235 e US$ 577, ao ano. Esse intervalo se dá pela variedade de cultura. Os cinco setores mais afetados são o agro, florestal, alimentação, tabaco, construção civil, pesca e aquicultura”. A aderência nesse quesito foi de 48%.
No que diz respeito às mudanças climáticas, o diagnóstico identificou que as coops precisam dar mais atenção ao tema. “É preciso pensar soluções nesse sentido. A energia limpa, por exemplo, é mais que reduzir emissões e adotar modelos mais sustentáveis. Todas as áreas estão interligadas e é preciso observar com cuidado para não deixar a desejar”, declarou Rosilene. A preocupação com o bom uso do solo, a recuperação de áreas degradadas, a gestão correta de resíduos e adoção de embalagens biodegradáveis também foram temáticas abordadas pela consultora.
Sobre inclusão, diversidade e equidade, o diagnóstico apontou 47% de aderência. “Os direitos humanos estão na pauta mundial e vão continuar porque se trata de um pilar da sustentabilidade social. Estamos falando da preservação de direitos e garantias. Então na cadeia de fornecedores é preciso lembrar da mão de obra e ver se o parceiro exerce conduta responsável”, acrescentou Rosilene. Outros resultados do estudo mostraram 44% de aderência das coops na análise de impacto e 33% no que diz respeito à materialidade.
Rosilene concluiu sua apresentação lembrando que as Nações Unidas afirmam que o mundo vê as cooperativas como atores-chave no alcance do desenvolvimento sustentável. “A cada 10 brasileiros um é cooperado, o que reforça o compromisso. Temos um modelo de negócios com muitos diferenciais que impactam positivamente o meio ambiente, a economia e a vida das pessoas. Somos agentes transformadores.”, finalizou.
Débora lembrou ainda que as principais contribuição do cooperativismo para o ESG são mostrar para a sociedade que uma organização empreendedora e orientada para resultados pode ser economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa. “Queremos mostrar que podemos ser e fazer tudo isso em um modelo de gestão democrática que, desde a sua origem histórica, não deixa ninguém para trás. Com esses indicadores qualificados de performance, vamos mostrar que o Planeta é Coop!”.