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“As cooperativas já estão no caminho do futuro”

Como levar o cooperativismo para o caminho da inovação? Como transformar totalmente seu produto ao ponto de extingui-lo para criar outro ainda melhor? Perguntas desafiadoras que norteiam pesquisas e palestras do escritor e empreendedor Maurício Benvenutti, líder da Startse — plataforma educacional de conhecimento em negócios.

Gaúcho de Vacaria e filho de professores, Benvenutti foi sócio da XP Investimentos por 10 anos e, desde 2015, atua na meca da inovação mundial: o Vale do Silício, na Costa Oeste dos Estados Unidos. De lá, acompanha o trabalho das cooperativas brasileiras e garante: elas já estão no caminho do futuro.

O diferencial de tudo está nas pessoas. O cooperativismo faz justamente isso: valoriza as pessoas. Isso eu aprendo com vocês e o mercado tem muito a aprender também”, destaca o escritor.

De acordo com Benvenutti, pesquisas indicam que os líderes do século XXI precisam entender de pessoas tanto quanto de negócios. “Elas são a essência por trás da instituição. Você constrói um time e esse time constrói uma instituição.”

Por isso, inovar é acima de tudo investir na capacitação. Empoderar equipes a ponto de criar intraempreendedores dentro de cada cooperativa, ávidos a propor novos produtos e soluções para tempos (pós) pandêmicos. Quem consegue fazer isso, tende a conseguir se reinventar de forma contínua, mesmo em contextos arriscados e complexos como os atuais. Inspire-se nas reflexões e dicas de Maurício Benvenutti.

Saber Cooperar: Como criar uma cultura da inovação?

Maurício Benvenutti: A partir da nossa experiência de acompanhar inúmeras empresas, eu acredito que a inovação acontece pelas pessoas. Não adianta nada ter acesso às principais tecnologias disponíveis no mundo, à quantidade infinita de recursos, estar do lado das melhores ferramentas, se a minha equipe, meu time, não se dispõe a testar, ousar, validar. Tudo começa pelas pessoas. Transformação organizacional é uma transformação humana. O empoderamento das equipes, o empoderamento das pessoas, dos indivíduos que fazem parte de uma organização é crucial para fazer o novo e o inusitado acontecerem. Isso passa pela valorização, empoderamento e disposição de colocar as pessoas à frente da organização ou da entidade.

Por que investir em inovação?

Hoje tudo se torna obsoleto cada vez mais rápido. A Deloitte Insights, que é uma grande consultoria global, divulgou recentemente que a meia vida de uma competência é de cinco anos. Tudo que a gente aprende hoje, todos os recursos incríveis que a gente possui em 2021, em 2026 eles vão perder metade do seu valor de mercado. Para a organização se manter na vanguarda, ela precisa aprender novos conceitos e habilidades. Entregar novas soluções. As ondas de inovação estão cada vez mais curtas. Nós enquanto cooperativas, organizações, temos de nos orgulhar de tudo que nos trouxe até aqui. Mas não necessariamente o que nos trouxe até aqui vai nos levar daqui para frente. Investir em inovação, investir na construção do novo, testar novas hipóteses para construir novas soluções é fundamental nos dias de hoje onde tudo se torna obsoleto mais rápido. É quase ter que decidir se a gente vai respirar ou não. Não pensamos nisso porque é natural. Se não respirar, morre. Hoje em dia trabalhar inovação dentro desse cenário cada vez mais dinâmico é fundamental para uma estrutura organizacional se manter competitiva, forte e atuante por muito tempo.

Como criar uma cultura intraempreendedora dentro do cooperativismo?

As grandes inovações, os grandes feitos organizacionais que transformaram segmentos inteiros não nasceram no senso comum dessas indústrias. Cada vez mais as grandes inovações nascem nas margens, nas bordas, nas fronteiras do senso comum. A única forma de nós, enquanto organizações, navegarmos por essas fronteiras e transitarmos por essas bordas é nos permitindo questionar mais, interrogar mais, muitas vezes desobedecer um pouco a normalidade das coisas. Isso passa muito pela valorização do indivíduo, do ser humano, das pessoas, pelo incentivo ao intraempreendedorismo. São as pessoas que levam uma organização às fronteiras do senso comum e, não, ao contrário. Não construo uma organização. Eu construo um time e ele constrói a organização. O time leva a organização para longe do senso comum, que é justamente o lugar onde nascem as grandes novidades que vem transformando indústrias inteiras nos últimos anos.

Qual o perfil das equipes inovadoras?

Para equipes inovadoras, as demandas são cada vez menos mecânicas e cada vez mais cognitivas, emocionais, sociais e tecnológicas. Os profissionais precisam saber criar e avaliar novos processos. A consciência digital e tecnológica se apresenta como matemática do novo século. Estamos fechando o ciclo tecnológico e começando um novo ciclo guiado por instituições que armazenam e processam dados. Esse ciclo deve ir até 2030, quando deve ser iniciado o ciclo da computação quântica. As relações de trabalho seguem um ritmo totalmente diferente, potencializado ainda mais com a pandemia, que aprofundou a digitalização do mundo. Como as novas tecnologias são adotadas pela população cada vez mais rápido, mudanças significativas na sociedade não levam mais décadas e, sim, meses para acontecer. As pessoas estão mais abertas para o novo e a competitividade no mercado aumentou exponencialmente.

Qual o futuro do mercado da inovação?

Hoje um dos profissionais mais requisitados no mercado é justamente o profissional relacionado à inovação. Coordenadores, gerentes, diretores. A inovação está ou deveria estar no DNA de toda organização. Estamos em um cenário cada vez mais competitivo. As pessoas entregam produtos cada vez mais incríveis. Está difícil competir no mercado com muitos players. O consumidor tornou-se mais maduro e seleto. Eu vou estar fora do mercado se não me dispor a constantemente inovar no que eu faço para eliminar aquilo que o cliente não quer ou que não faz mais sentido para a vida dele. Temos de construir a próxima versão daquilo que o cliente vai desejar, e essa próxima versão pode ser muito diferente do produto, serviço e solução que eu entrego hoje. Costumo dizer que hoje, em uma organização, os colaboradores pagam o salário da empresa, e os profissionais de inovação pagam a aposentadoria. O mercado de inovação é promissor e está cada vez mais clara a necessidade das empresas e organizações colocarem o assunto inovação como prioridade.

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Esta matéria foi escrita por  Juliana César Nunes e está publicada na Edição 36 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação


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