As cooperativas são inovadoras e criativas e promovem uma matemática em que 1+1 é igual a 3", disse o pontífice.Na ocasião, ele ainda destacou como o cooperativismo transforma realidades sociais e combate práticas de mercado injustas. Mas esta não foi a primeira vez que Francisco mencionou o cooperativismo. Em 2015, ele associou o princípio da solidariedade – parte da doutrina social da Igreja Católica – com o trabalho das cooperativas e elogiou sua busca “pela relação entre a economia e justiça social” observando “sempre a pessoa e não o dinheiro”. Mais cedo, no mesmo ano, ele já havia afirmado que cooperativas “têm enfrentado as dificuldades da crise econômica com os seus meios, unindo forças, e não às custas de outros.” No Brasil, em 2016, a mensagem cooperativista chegou às casas de milhões de telespectadores que acompanharam a novela “Velho Chico”. Na trama, o protagonista Santo (interpretado pelo saudoso Domingos Montagner) foi eleito presidente de uma cooperativa de pequenos produtores agrícolas que enfrentava os desmandos de um coronel. Quando Santo desapareceu, seu filho Miguel (Gabriel Leone) passou a liderar a cooperativa, enfatizando o desenvolvimento sustentável. "Você concorda em continuar produzindo do jeito convencional? Jogando veneno na terra? No rio? Extraindo o resto de vida do solo?", questionava em cena. Além de estar na pauta do dia, o cooperativismo tem mostrado sua popularidade com o interesse crescente de personalidades, empresas e entidades do terceiro setor, que cada vez mais buscam se associar ao que as cooperativas defendem: comércio justo, desenvolvimento econômico com responsabilidade social e sustentabilidade. A atriz Emma Watson, embaixadora da boa vontade das Organizações das Nações Unidas (ONU) costuma ir a eventos de gala com vestidos feitos por marcas “eticamente responsáveis”. Ou seja, marcas que evitam promover sofrimento e desgaste no processo de fabricação de seus produtos, levando em consideração tanto recursos naturais quanto humanos. Uma de suas parceiras é a Zady , marca parceira de cooperativas que produzem tecidos na Índia e em fazendas de orgânicos nos Estados Unidos. A Fundação Nobel — responsável pelos Prêmio Nobel da Paz, de Química, Física, Medicina e Literatura — também contrata, desde 2015, duas cooperativas mineradoras colombianas para fazer suas medalhas: a Codmilla Cooperativa e a Cooperativa Agromineradora de Iquira. “É um reconhecimento do trabalho árduo, porém decente, que estamos fazendo em uma comunidade tradicional mineradora para garantir o sustento de nossas famílias e o desenvolvimento de nossas comunidades. Todos os dias arriscamos nossas vidas nas profundezas das montanhas e, além disso, é um desafio viver em paz em um país com tantos conflitos”, disse Harbi Guerrero, membro da Codmilla, por ocasião do segundo ano de fabricação das medalhas do Nobel. Com a repercussão gerada pelo prêmio, ambas as mineradoras passaram a ser contratadas por marcas de joias eticamente responsáveis de todo o mundo. DESIGN COOPERATIVO [caption id="attachment_76428" align="alignnone" width="1920"]

Fomos buscar parcerias para desenvolver um projeto de promoção comercial. Não queríamos apenas compradores, mas pessoas que entendessem que a nossa madeira vem de uma comunidade tradicional, que é certificada, e cujo manejo preserva a floresta, zela por suas populações e gera benefícios socioambientais. Queríamos pessoas que entendessem todo o valor por trás desse trabalho”, explica Angelo.Ao longo desta busca, alguns cooperados participaram de uma oficina da BVRio. Lá, surgiu a ideia de levar designers para a cooperativa. O projeto Design & Madeira Sustentável foi formatado, então, com o objetivo de levar esses profissionais para transmitirem seus conhecimentos sobre a criação de móveis para a região. Em muitos casos, desses encontros surgiram novas e produtivas parcerias comerciais. UM OUTRO OLHAR [caption id="attachment_76429" align="alignnone" width="5760"]

A ideia era provocá-los e mostrar possibilidades. Queria que olhassem para a madeira e imaginassem como seria possível criar uma cama, uma cadeira. Ao final da minha estadia, um dos madeireiros me falou: ‘Nunca mais vou conseguir olhar para um galho sem pensar em tudo que dá pra fazer a partir dele’. Isso para mim é o mais interessante”, recorda o designer.Ainda segundo Paulo Alves, mais do que simplesmente criar uma dinâmica em que a cooperativa forneça mão de obra, o projeto busca capacitá-la a produzir suas próprias peças de design. Ângelo, o analista ambiental da Coomflona, confirma que o principal objetivo é promover “o empoderamento da comunidade por meio da sua história de lutas, de decisão e de território”. Animado, ele conta como foram os primeiros resultados da parceria com Paulo Alves: “Ele acabou desenhando um projeto sofisticado para a gente desenvolver, fizemos um protótipo e fomos a São Paulo visitá-lo e acompanhá-lo numa feira de design. Ele nos disse que estamos preparados para competir no mercado nacional, para estar com grandes designers. Foi legal ver que o nosso trabalho não tem sido em vão e que estamos oferecendo o que pessoas que têm consciência ambiental estão buscando.” MARKETING SOCIAL [caption id="attachment_76430" align="alignnone" width="1024"]

O sétimo princípio do cooperativismo, que é o interesse pela comunidade, é um tipo de marketing social. Então algo que as cooperativas já fazem como obrigação, como princípio, pode fazer com que elas sejam vistas com outros olhos”, explica.Esta é a aposta da Coomflona: focar no consumo consciente como tendência que os consumidores mais atentos já têm buscado. Além das sessões de capacitação, o projeto Design & Madeira Sustentável prevê participação em feiras de negócios, a realização de uma exposição em 2019 e a produção comercial de algumas peças. Carlos Motta, o primeiro designer a visitar a Coomflona já colocou no mercado uma linha de 12 bowls e 3 modelos de bancos produzidos na Coomflona. A cooperativa trabalha, agora, na implementação de uma serraria para poder dar melhor tratamento e finalização às peças e para aumentar a escala de produção. Atualmente, desenvolvem apenas peças sob encomenda e têm em designers, hotéis e construtoras seus principais clientes. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- A Coomflona desenvolve móveis apenas sob encomenda. Para saber mais, procure por Comflona na internet, ou mande um e-mail para
Esta matéria foi escrita por Naiara Leão e está publicada na Edição 24 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação