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* Valdir Simão, advogado, ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) e ex-ministro do Planejamento Orçamento e Gestão * Aldo Leite, advogado e assessor jurídico do Sescoop Nacional[/caption]
Toda cooperativa já nasce com algumas marcas inerentes ao nosso DNA: qualidade, força e integridade são algumas delas. Outras características são desenvolvidas com o tempo, como a excelência da gestão, a eficácia dos processos e a habilidade de olhar de maneira estratégica e sustentável para a condução dos negócios. E é para ajudar o cooperativismo a evoluir nesses últimos aspectos contamos com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) — serviço social autônomo, com personalidade jurídica de direito privado, instituído a partir da Medida Provisória 1.715/98, e respectivas reedições.
Em atividade desde 1999, o Sescoop foi criado para aperfeiçoar a governança, a gestão e as atividades de responsabilidade socioambiental das cooperativas brasileiras. Até então, nosso modelo de negócios avançava de forma intuitiva, sem um modelo de governança e planejamento estratégico estruturados. Com o lançamento do “S” cooperativista , o governo federal e as cooperativas brasileiras esperavam alcançar um novo patamar de gestão e profissionalização da base de cooperados e colaboradores. Mas será que isso de fato aconteceu?
Para discutir os reais impactos do Sescoop no cotidiano das cooperativas brasileiras, entrevistamos dois profissionais da Lei: o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão, que também já ocupou o cargo de ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (2015-2016), e o assessor jurídico do Sescoop, Aldo Leite.
Saber Cooperar: O que mudou para as cooperativas brasileiras após a criação do Sescoop?
Valdir Simão: A partir da criação do Sescoop, o sistema cooperativista passou a contar com um instrumento para a promoção da cultura cooperativista e para a formação profissional e desenvolvimento gerencial das cooperativas e seus associados. Investindo fortemente em estratégia e na integração do sistema, o Sescoop vem pavimentando o caminho para o desenvolvimento contínuo do modelo cooperativista brasileiro, que apresenta índices de crescimento surpreendentes.
Aldo Leite: Antes da criação do Sescoop, os empreendimentos cooperativos não tinham o suporte adequado e específico para suas necessidades de aperfeiçoamento da gestão e capacitação de seus empregados. A depender do ramo de atuação, elas tinham de buscar ajuda em diversas outras instituições — públicas ou privadas — que não compreendiam muito bem a essência e os princípios cooperativistas, como a autogestão e a estrutura de governança própria das cooperativas. O Sescoop mudou esse quadro e passou a desempenhar um papel importantíssimo na oferta de soluções para a sustentabilidade do nosso modelo de negócios [veja encarte especial sobre o Sescoop].
No atual contexto de reformas políticas e econômicas, qual seria o principal desafio do Sescoop?
V.S: As cooperativas têm, em seu DNA, o empreendedorismo. A formação de profissionais com essa característica é fundamental para o nosso desenvolvimento econômico e para a diminuição da dependência estatal. E esse é justamente um dos objetivos estratégicos do Sescoop: capacitar pessoas. Ao participar de vários segmentos da economia nacional, o sistema cooperativista contribui para estimular a produtividade e competitividade, em prol do consumidor e do país.
A.L: A economia brasileira está passando por um processo de ressignificação. Diversos processos estão sendo reestruturados e a qualificação profissional é o eixo motor desse processo. Nesse sentido, o Sescoop pode contribuir significativamente para o crescimento e aumento da importância das cooperativas na economia brasileira, criando novas oportunidades de geração de renda e trabalho para a população.
E em relação à melhora da eficiência e da gestão das cooperativas, qual o papel desempenhado pelo Sescoop?
V.S: O papel é central, de identificação e disseminação de boas práticas de gestão e formação de pessoas, o que garante eficiência e entrega de bons resultados.
A.L: O Sescoop detém papel importantíssimo na melhoria da gestão e da governança dos empreendimentos cooperativos, ajudando inclusive na projeção das cooperativas brasileiras no cenário econômico nacional e internacional. Fazemos isso por meio de programas próprios de capacitação, como o Programa de Desenvolvimento da Gestão Cooperativa (PDGC), mas também por intermédio de parcerias firmadas com diversos atores nacionais, como o Banco Central do Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Unimed, Fundação Sicredi, dentre outros. Também firmamos parcerias voltadas ao fortalecimento do cooperativismo com atores internacionais, a exemplo da Organização das Nações Unidas (Onu), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Confederação Nacional das Cooperativas da Alemanha (DGRV), dentre outros.
Existe diferença entre a chamada “governança cooperativista” e a governança corporativa das empresas tradicionais?
V.S: Governança, gestão de riscos e controles são ferramentas essenciais para organizações de qualquer natureza, públicas ou privadas, de fins lucrativos ou não. Os princípios da boa governança aplicados em empresas privadas devem ser aplicados também nas cooperativas, para garantir um processo decisório equilibrado, transparência e accountability.
A.L: Não obstante os princípios aplicáveis à boas práticas de governança e gestão sejam universais, transversais e essenciais, temos de ter a clareza: enquanto o modelo de governança corporativa visa atender aos interesses dos sócios ou acionistas das sociedades empresarias em geral, a governança cooperativista é um modelo de direcionamento estratégico fundamentado nos valores e princípios cooperativistas. Portanto, tem um impacto mais positivo no ambiente ao qual está inserido, pois visa garantir a execução dos objetivos sociais e assegurar a gestão das cooperativas de modo sustentável, e em consecução com os interesses dos associados. As boas práticas da governança cooperativista — além de seguir os princípios gerais e boas práticas de governança e gestão — observam princípios próprios, dentre os quais ressalto a autogestão, bem como diversos outros regramentos próprios disciplinados na própria Lei 5.764/71. Além disso e a depender do ramo de atuação, observam-se regras/resoluções de agentes públicos normalizadores, a exemplo do Banco Central para as instituições financeiras cooperativas e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para as cooperativas de saúde. Por isso o Sescoop fomenta tão fortemente o aperfeiçoamento e as boas práticas de governança e gestão nas cooperativas. Acreditamos que essas boas práticas ajudarão no avanço e no fortalecimento das cooperativas e, com isso, a comunidade em volta da cooperativa também será beneficiada.
Todos os anos, o Sescoop realiza a capacitação técnica de milhares de cooperados e trabalhadores de cooperativas. Na sua opinião, a forma de atuação e disponibilização dessas informações está satisfatória? Onde é possível melhorar?
V.S: É satisfatória, mas sempre é possível melhorar, com olhar voltado para as novas tecnologias e para as necessidades do mercado, em constante evolução.
A.L: Sabemos que a atuação e disponibilização das informações, em qualquer instituição, precisa estar em constante processo de evolução e interconexão. As ferramentas e os resultados obtidos pelo Sescoop precisam ser melhor divulgados à sociedade. Temos muito a contribuir com a sociedade e a economia brasileiras e precisamos divulgar melhor nossas ações.
Sabemos que toda e qualquer organização, seja privada ou pública, pode e deve otimizar recursos e revisitar seus custos periodicamente. Na sua opinião, como o Sescoop pode melhorar nesse sentido?
V.S: Inovando e refletindo continuamente sobre o seu modelo de atuação, para identificar novas formas de atuação, em especial com a utilização de tecnologia, bem como para gerar sinergia na utilização dos recursos e das estruturas de cada unidade de negócio.
A.L: Como já dito, toda e qualquer organização, seja ela pública ou privada, deve promover e incentivar a otimização de seus recursos. E o Sescoop já vem trabalhando nessa tônica há alguns anos. Criamos, por exemplo, um centro de serviços compartilhados que centralizou na unidade nacional, em Brasília, os serviços de processamento da folha de pagamento e contabilidade dos estados. Com isso, conseguimos liberar as equipes das unidades estaduais, que são reduzidas, para se dedicarem ao atendimento das cooperativas. Destaco, ainda, que outras iniciativas estão em processo de reflexão e discussão interna. Estamos, inclusive, dialogando com alguns Ministérios do novo governo, no sentido de estruturar uma cadeia de formação e qualificação profissional que fomente a sustentabilidade, colocação ou recolocação profissional dos trabalhadores de cooperativas.
Quais são as expectativas para o Sescoop e para as nossas cooperativas nos próximos anos?
V.S: Tenho confiança que o sistema continuará crescendo de forma sustentável. O cooperativismo já é compreendido pela sociedade e pelos governos como modelo de negócio capaz de gerar valor aos associados e produzir bens e serviços de qualidade. Também gera oportunidade de entrada no mercado de trabalho para aqueles que pretendem desenvolver determinada atividade econômica mas dependem de algum tipo de cooperação para isso. Esse desenvolvimento contínuo tem como motor propulsor o Sescoop, seja na formação profissional ou na qualificação gerencial das cooperativas.
A.L: Minhas expectativas para o Sistema Cooperativista Nacional são as melhores possíveis, já que é visível e significativo o crescimento e participação das cooperativas no cenário econômico nacional e internacional. O mundo tem buscado alternativas para um crescimento consciente e sustentável. E cada vez mais, pessoas e organizações se engajam nesse propósito. Segundo estudo da Nielsen Global de Responsabilidade Social Corporativa, 66% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços advindos de instituições/empresas comprometidas com impacto social e ambiental positivos. E o cooperativismo é uma alternativa extremamente conectada, desde o início, com esse tema e com seus princípios, já que estamos falando de adesão livre e voluntária, gestão democrática, intercooperação, interesse pela comunidade, dentre outros.
Especificamente em relação ao Sescoop, posso afirmar com a certeza de quem trabalha há 10 anos no Sistema S: fazemos muita diferença na vida dos dirigentes, cooperados e empregados das cooperativas. Os números de crescimento do cooperativismo são fruto direto da atuação do Sescoop na melhoria da gestão e governança das cooperativas.
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O Sescoop é parte do Sistema OCB, composto por três instituições complementares entre si, mas com desafios distintos:
MISSÃO
Sescoop promover a cultura cooperativista e o aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras.
OCB promover um ambiente favorável para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras, por meio da representação político-institucional.
CNcoop defender o cooperativismo e os interesses da categoria econômica das cooperativas brasileiras.
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Hiperlink 01: Termo que define um grupo de instituições paraestatais dedicadas à capacitação, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica da principais categorias econômicas existentes no país, incluindo o cooperativismo.
Hiperlink 02: expressão inglesa que pode ser livremente traduzida como “prestação de contas” ou “responsabilização da gestão”. Consiste na boa prática de apresentar aos públicos interessados (acionistas, clientes, fornecedores etc.) os resultados financeiros e as decisões estratégicas tomados por uma organização, pública ou privada, durante a condução dos negócios.
Esta matéria foi escrita por Paula Andrade e está publicada na Edição 25 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
* Valdir Simão, advogado, ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) e ex-ministro do Planejamento Orçamento e Gestão * Aldo Leite, advogado e assessor jurídico do Sescoop Nacional[/caption]
Toda cooperativa já nasce com algumas marcas inerentes ao nosso DNA: qualidade, força e integridade são algumas delas. Outras características são desenvolvidas com o tempo, como a excelência da gestão, a eficácia dos processos e a habilidade de olhar de maneira estratégica e sustentável para a condução dos negócios. E é para ajudar o cooperativismo a evoluir nesses últimos aspectos contamos com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) — serviço social autônomo, com personalidade jurídica de direito privado, instituído a partir da Medida Provisória 1.715/98, e respectivas reedições.
Em atividade desde 1999, o Sescoop foi criado para aperfeiçoar a governança, a gestão e as atividades de responsabilidade socioambiental das cooperativas brasileiras. Até então, nosso modelo de negócios avançava de forma intuitiva, sem um modelo de governança e planejamento estratégico estruturados. Com o lançamento do “S” cooperativista , o governo federal e as cooperativas brasileiras esperavam alcançar um novo patamar de gestão e profissionalização da base de cooperados e colaboradores. Mas será que isso de fato aconteceu?
Para discutir os reais impactos do Sescoop no cotidiano das cooperativas brasileiras, entrevistamos dois profissionais da Lei: o ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Valdir Simão, que também já ocupou o cargo de ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão (2015-2016), e o assessor jurídico do Sescoop, Aldo Leite.
Saber Cooperar: O que mudou para as cooperativas brasileiras após a criação do Sescoop?
Valdir Simão: A partir da criação do Sescoop, o sistema cooperativista passou a contar com um instrumento para a promoção da cultura cooperativista e para a formação profissional e desenvolvimento gerencial das cooperativas e seus associados. Investindo fortemente em estratégia e na integração do sistema, o Sescoop vem pavimentando o caminho para o desenvolvimento contínuo do modelo cooperativista brasileiro, que apresenta índices de crescimento surpreendentes.
Aldo Leite: Antes da criação do Sescoop, os empreendimentos cooperativos não tinham o suporte adequado e específico para suas necessidades de aperfeiçoamento da gestão e capacitação de seus empregados. A depender do ramo de atuação, elas tinham de buscar ajuda em diversas outras instituições — públicas ou privadas — que não compreendiam muito bem a essência e os princípios cooperativistas, como a autogestão e a estrutura de governança própria das cooperativas. O Sescoop mudou esse quadro e passou a desempenhar um papel importantíssimo na oferta de soluções para a sustentabilidade do nosso modelo de negócios [veja encarte especial sobre o Sescoop].
No atual contexto de reformas políticas e econômicas, qual seria o principal desafio do Sescoop?
V.S: As cooperativas têm, em seu DNA, o empreendedorismo. A formação de profissionais com essa característica é fundamental para o nosso desenvolvimento econômico e para a diminuição da dependência estatal. E esse é justamente um dos objetivos estratégicos do Sescoop: capacitar pessoas. Ao participar de vários segmentos da economia nacional, o sistema cooperativista contribui para estimular a produtividade e competitividade, em prol do consumidor e do país.
A.L: A economia brasileira está passando por um processo de ressignificação. Diversos processos estão sendo reestruturados e a qualificação profissional é o eixo motor desse processo. Nesse sentido, o Sescoop pode contribuir significativamente para o crescimento e aumento da importância das cooperativas na economia brasileira, criando novas oportunidades de geração de renda e trabalho para a população.
E em relação à melhora da eficiência e da gestão das cooperativas, qual o papel desempenhado pelo Sescoop?
V.S: O papel é central, de identificação e disseminação de boas práticas de gestão e formação de pessoas, o que garante eficiência e entrega de bons resultados.
A.L: O Sescoop detém papel importantíssimo na melhoria da gestão e da governança dos empreendimentos cooperativos, ajudando inclusive na projeção das cooperativas brasileiras no cenário econômico nacional e internacional. Fazemos isso por meio de programas próprios de capacitação, como o Programa de Desenvolvimento da Gestão Cooperativa (PDGC), mas também por intermédio de parcerias firmadas com diversos atores nacionais, como o Banco Central do Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação Unimed, Fundação Sicredi, dentre outros. Também firmamos parcerias voltadas ao fortalecimento do cooperativismo com atores internacionais, a exemplo da Organização das Nações Unidas (Onu), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Confederação Nacional das Cooperativas da Alemanha (DGRV), dentre outros.
Existe diferença entre a chamada “governança cooperativista” e a governança corporativa das empresas tradicionais?
V.S: Governança, gestão de riscos e controles são ferramentas essenciais para organizações de qualquer natureza, públicas ou privadas, de fins lucrativos ou não. Os princípios da boa governança aplicados em empresas privadas devem ser aplicados também nas cooperativas, para garantir um processo decisório equilibrado, transparência e accountability.
A.L: Não obstante os princípios aplicáveis à boas práticas de governança e gestão sejam universais, transversais e essenciais, temos de ter a clareza: enquanto o modelo de governança corporativa visa atender aos interesses dos sócios ou acionistas das sociedades empresarias em geral, a governança cooperativista é um modelo de direcionamento estratégico fundamentado nos valores e princípios cooperativistas. Portanto, tem um impacto mais positivo no ambiente ao qual está inserido, pois visa garantir a execução dos objetivos sociais e assegurar a gestão das cooperativas de modo sustentável, e em consecução com os interesses dos associados. As boas práticas da governança cooperativista — além de seguir os princípios gerais e boas práticas de governança e gestão — observam princípios próprios, dentre os quais ressalto a autogestão, bem como diversos outros regramentos próprios disciplinados na própria Lei 5.764/71. Além disso e a depender do ramo de atuação, observam-se regras/resoluções de agentes públicos normalizadores, a exemplo do Banco Central para as instituições financeiras cooperativas e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para as cooperativas de saúde. Por isso o Sescoop fomenta tão fortemente o aperfeiçoamento e as boas práticas de governança e gestão nas cooperativas. Acreditamos que essas boas práticas ajudarão no avanço e no fortalecimento das cooperativas e, com isso, a comunidade em volta da cooperativa também será beneficiada.
Todos os anos, o Sescoop realiza a capacitação técnica de milhares de cooperados e trabalhadores de cooperativas. Na sua opinião, a forma de atuação e disponibilização dessas informações está satisfatória? Onde é possível melhorar?
V.S: É satisfatória, mas sempre é possível melhorar, com olhar voltado para as novas tecnologias e para as necessidades do mercado, em constante evolução.
A.L: Sabemos que a atuação e disponibilização das informações, em qualquer instituição, precisa estar em constante processo de evolução e interconexão. As ferramentas e os resultados obtidos pelo Sescoop precisam ser melhor divulgados à sociedade. Temos muito a contribuir com a sociedade e a economia brasileiras e precisamos divulgar melhor nossas ações.
Sabemos que toda e qualquer organização, seja privada ou pública, pode e deve otimizar recursos e revisitar seus custos periodicamente. Na sua opinião, como o Sescoop pode melhorar nesse sentido?
V.S: Inovando e refletindo continuamente sobre o seu modelo de atuação, para identificar novas formas de atuação, em especial com a utilização de tecnologia, bem como para gerar sinergia na utilização dos recursos e das estruturas de cada unidade de negócio.
A.L: Como já dito, toda e qualquer organização, seja ela pública ou privada, deve promover e incentivar a otimização de seus recursos. E o Sescoop já vem trabalhando nessa tônica há alguns anos. Criamos, por exemplo, um centro de serviços compartilhados que centralizou na unidade nacional, em Brasília, os serviços de processamento da folha de pagamento e contabilidade dos estados. Com isso, conseguimos liberar as equipes das unidades estaduais, que são reduzidas, para se dedicarem ao atendimento das cooperativas. Destaco, ainda, que outras iniciativas estão em processo de reflexão e discussão interna. Estamos, inclusive, dialogando com alguns Ministérios do novo governo, no sentido de estruturar uma cadeia de formação e qualificação profissional que fomente a sustentabilidade, colocação ou recolocação profissional dos trabalhadores de cooperativas.
Quais são as expectativas para o Sescoop e para as nossas cooperativas nos próximos anos?
V.S: Tenho confiança que o sistema continuará crescendo de forma sustentável. O cooperativismo já é compreendido pela sociedade e pelos governos como modelo de negócio capaz de gerar valor aos associados e produzir bens e serviços de qualidade. Também gera oportunidade de entrada no mercado de trabalho para aqueles que pretendem desenvolver determinada atividade econômica mas dependem de algum tipo de cooperação para isso. Esse desenvolvimento contínuo tem como motor propulsor o Sescoop, seja na formação profissional ou na qualificação gerencial das cooperativas.
A.L: Minhas expectativas para o Sistema Cooperativista Nacional são as melhores possíveis, já que é visível e significativo o crescimento e participação das cooperativas no cenário econômico nacional e internacional. O mundo tem buscado alternativas para um crescimento consciente e sustentável. E cada vez mais, pessoas e organizações se engajam nesse propósito. Segundo estudo da Nielsen Global de Responsabilidade Social Corporativa, 66% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços advindos de instituições/empresas comprometidas com impacto social e ambiental positivos. E o cooperativismo é uma alternativa extremamente conectada, desde o início, com esse tema e com seus princípios, já que estamos falando de adesão livre e voluntária, gestão democrática, intercooperação, interesse pela comunidade, dentre outros.
Especificamente em relação ao Sescoop, posso afirmar com a certeza de quem trabalha há 10 anos no Sistema S: fazemos muita diferença na vida dos dirigentes, cooperados e empregados das cooperativas. Os números de crescimento do cooperativismo são fruto direto da atuação do Sescoop na melhoria da gestão e governança das cooperativas.
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O Sescoop é parte do Sistema OCB, composto por três instituições complementares entre si, mas com desafios distintos:
MISSÃO
Sescoop promover a cultura cooperativista e o aperfeiçoamento da gestão para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras.
OCB promover um ambiente favorável para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras, por meio da representação político-institucional.
CNcoop defender o cooperativismo e os interesses da categoria econômica das cooperativas brasileiras.
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Hiperlink 01: Termo que define um grupo de instituições paraestatais dedicadas à capacitação, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica da principais categorias econômicas existentes no país, incluindo o cooperativismo.
Hiperlink 02: expressão inglesa que pode ser livremente traduzida como “prestação de contas” ou “responsabilização da gestão”. Consiste na boa prática de apresentar aos públicos interessados (acionistas, clientes, fornecedores etc.) os resultados financeiros e as decisões estratégicas tomados por uma organização, pública ou privada, durante a condução dos negócios.
Esta matéria foi escrita por Paula Andrade e está publicada na Edição 25 da revista Saber Cooperar. Baixe aqui a íntegra da publicação
Crédito: Getty Imagens[/caption]
No Brasil, no coração da Amazônia, uma cooperativa vinculada ao Sistema OCB chamou atenção de alguns dos maiores designers de móveis brasileiros da atualidade. Desde o início de 2017, a Cooperativa Mista da Floresta Nacional dos Tapajós (Coomflona) <abre hiperlink> tem recebido designers brasileiros de renome internacional para sessões de capacitação e eventuais parcerias comerciais. Pelo menos dez designers como Leo Lattavo (
Crédito: Paulo Alves[/caption]
O designer paulista Paulo Alves esteve na Coomflona em junho de 2018 e desenvolveu peças como mesa de jantar, mesinhas e bancos utilizando galhos e pranchas costaneiras — primeiras pranchas a serem retiradas quando se fatia uma tora. Esses materiais são geralmente descartados por serem irregulares e de difícil aproveitamento em produções convencionais.
Crédito: Shutterstock[/caption]
O pesquisador de marketing e cooperativismo Rumeninng Abrantes, professor da Universidade Federal do Tocantins, considera que ao divulgar ações que naturalmente já adotam, as cooperativas acabam por melhorar sua imagem perante à sociedade. Em paralelo, conseguem agregar valor aos seus produtos.
Crédito: Guilherme Martimon[/caption]
O nome de Tereza Cristina foi indicado ao presidente Jair Bolsonaro pela Frente Parlamentar da Agricultura.
Crédito: Guilherme Martimon[/caption]
Teresa Cristina sempre teve certeza de que o cooperativismo tem um papel fundamental para o avanço do Brasil. “Hoje as cooperativas têm um papel pujante no crescimento econômico e social do País com enorme representatividade no Congresso Nacional. Para o campo, elas também são o motor do progresso. Promovem oportunidade, geram renda e desenvolvimento sustentável”, argumenta.
Justamente por isso, este ano ela foi convidada para ser madrinha do Dia de Cooperar (Dia C) — projeto de responsabilidade social das cooperativas brasileiras que tem por objetivo colocar em prática os valores e os princípios do cooperativismo através de programas para o desenvolvimento social da comunidade onde essas cooperativas estão inseridas.
Confira a mensagem que ela enviou para nossas cooperativasno evento:
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Crédito: Depositphotos[/caption]
Usando o exemplo de experiências nos Estados Unidos, Espanha e França, uma ideia capaz de adubar o terreno para cooperativas de plataforma é a criação de incubadoras dessas empresas nas universidades, organizações não governamentais e dentro das próprias cooperativas.
A proposta da incubação é apoiar novos empreendimentos com suporte técnico, jurídico e contábil, muitas vezes oferecendo consultorias e mentorias especializadas na potencialização de um negócio. E foi justamente esse modelo que resultou na criação da Up and Go — cooperativa de plataforma criada para oferecer emprego e renda às mulheres de uma comunidade de imigrantes, em Nova Iorque.
A Up and Go possui, hoje, cerca de 40 cooperadas. Graças à plataforma, pela primeira vez desde que chegaram à América, essas mulheres conseguiram uma remuneração justa por seu trabalho. Quem nos conta essa história é Sylvia Morse, gerente de projeto do Center for Family Life (CFL) — organização sem fins lucrativos que realiza a incubação de cooperativas de plataforma na cidade de Nova Iorque.
Crédito: Shutterstock[/caption]
O conceito “cooperativismo de plataforma” foi utilizado pela primeira vez por Trebor Scholz, professor de cultura e mídia associado à
Crédito: Pexels[/caption]
Outro papa do cooperativismo de plataforma é o professor de estudos de mídia da Universidade do Colorado, Nathan Schneider, coautor do livro Nosso para hackear e possuir: a ascensão do cooperativismo de plataforma, uma nova visão para o futuro do trabalho e uma internet mais justa. Em entrevista exclusiva à Saber Cooperar, ele definiu o cooperativismo de plataforma como “uma comunidade transnacional de usuários-trabalhadores. Uma nova geração de pessoas que entram no movimento cooperativo e tentam usá-lo para criar uma economia on-line mais justa, responsável e democrática”.
Scheider defende que a natureza do compartilhamento de informações, software de
Crédito: Pixabay[/caption]
Crescendo em contratações, o sistema cooperativista tem atraído profissionais cada vez mais qualificados, como a gerente regional de investimentos do Sicredi Vale do Piquiri (SP/PR), Márcia Guerra.
Trabalhando na área de investimentos há 16 anos e com várias certificações, Márcia tornou-se alvo de recrutamento de diversas instituições quando decidiu sair do banco no qual trabalhava, em 2017, por conta de mudanças internas de gestão. Ela já tinha fechado uma proposta com uma grande instituição financeira quando foi contatada pelo 

Crédito: Shutterstock[/caption]
A Lei Aldir Blanc atende artistas, contadores de histórias, produtores, técnicos, curadores, trabalhadores de oficinas culturais e professores de escolas de arte e capoeira que estejam sem emprego formal, com comprovada atuação na área nos últimos dois anos e renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa da família. No caso das instituições — dentre as quais, as cooperativas — há uma relação direta entre a execução do fazer artístico e o funcionamento administrativo delas. Daí, a importância do auxílio para a manutenção destes espaços.
Crédito: Cooplem[/caption]
Crédito: Banco de imagens[/caption]
O continente africano — composto por muitas economias subdesenvolvidas — também tem sofrido com bastante intensidade os efeitos da pandemia. A diretora regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) África, Chiyoge B. Sifa, salienta que as cooperativas estão trabalhando em parceria com os governos dos países mais afetados, colaborando tanto com a promoção de políticas públicas quanto promovendo iniciativas próprias de auxílio à população.
Crédito: Banco de imagens[/caption]
O representante do Brasil no Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Onofre Cezário Filho, ressalta a importância da cooperação entre países no combate à Covid-19.
Crédito: banco de imagens[/caption]
Muitas cooperativas mudaram suas produções para atender melhor à população. Em vez de manipular medicamentos
Crédito: banco de imagens[/caption]
As cooperativas conseguiram importantes resultados na estruturação de respostas à Covid-19 relacionada à produção no campo. Como o país foi o primeiro a sentir os efeitos sanitários e econômicos da pandemia, as cooperativas precisaram desenvolver estratégias rápidas e inovadoras para garantir a produção de alimentos, inclusive na província de Hubei — o primeiro epicentro da Covid-19.
“Muitas cooperativas instituíram equipes de trabalho imediatamente para ajudar a distribuir suprimentos, além de reunirem esforços para garantir que os insumos — como fertilizantes, inseticidas e sementes — estivessem disponíveis para a produção no campo”, explica Zhang Wangshu, diretor-geral do Departamento de Cooperação Internacional da Federação Chinesa de Cooperativas (ACFSMC) — entidade de representação que conta com 17 milhões de cooperados, sendo a sua maioria produtores rurais.
Uma das formas encontradas para amenizar os impactos do bloqueio — que durou cerca de dois meses no país — foi o desenvolvimento de plataformas digitais para comercialização de produtos e o aperfeiçoamento da
Arquivo Pessoal[/caption]
Fundada em abril de 2005, a história da Coana está entrelaçada com a trajetória de Edis em Petrolina. Tudo começou com Newton, que se mudou para a região ainda na década de 1980, quando era funcionário da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC). Engenheiro agrônomo, ele sempre quis atuar em áreas de fronteira agrícola e decidiu deixar Cotia para trabalhar com consultoria e assistência técnica no Vale do São Francisco. Quando surgiu uma oportunidade, adquiriu terras em sociedade com Edis (que até então entrou apenas com capital) e investiu no plantio de uvas sem semente. Deu tão certo que ele chamou o irmão para assumir a sociedade de fato e o ajudar na fazenda.
Era o ano de 2002, e Edis atuava como engenheiro mecânico em uma grande empresa em São Paulo. Estava casado há cerca de um ano e não se via como produtor agrícola, apesar de ser filho de um pequeno agricultor que plantava café e uvas, tinha uma granja de galinhas poedeiras e chegou a criar bicho da seda.
Apaixonado por gestão, Edis fez uma pós-graduação na área quando ainda morava em São Paulo e sempre participou da diretoria da Coana, atuando nas áreas contábil e financeira. “A produção é o ponto crucial para os associados, que se voltam muito para essa parte e acabam tendo menos tempo para as questões administrativas. Como gosto e tenho facilidade com essa parte, liderar a cooperativa acabou sendo um processo natural”, afirma.
Prestes a completar 15 anos de existência, a Coana, segundo Edis, ainda tem muito para avançar, mas já começa a dar mostras de amadurecimento. “Tivemos um período muito difícil entre o quinto e o décimo ano, principalmente no que diz respeito a questões de relacionamento. Agora, no entanto, estamos mais próximos de uma grande família. Já conseguimos falar e escutar sem nos machucar, e esse é um sinal evidente de maturidade. Levamos 12 anos para fazer nosso primeiro planejamento estratégico, mas temos trabalhado muito essa questão da gestão e profissionalização de nossas ações para que o futuro seja cada vez mais promissor”.
Edis acredita que a Coana estará totalmente desenvolvida quando alcançar uma estrutura capaz de medir a eficiência de todos os seus setores e ter uma visão voltada para a sucessão, a partir da troca de geração.
Passados quatro meses, temos demonstrado grande capacidade de resposta à pandemia da Covid-19. Nossas cooperativas em todo o Brasil têm investido não só na expansão de suas infraestruturas, como também no aumento de suas equipes médicas, em ações de prevenção, responsabilidade social e educação nas comunidades nas quais estão inseridas.
EPT: Nosso ramo de negócio, por integrar o segmento financeiro, foi bastante afetado pela pandemia. Como o Sicredi é composto por associados de diferentes setores da economia, pudemos sentir as diferentes realidades vividas neste período da pandemia. O ramo mais afetado, sem dúvida, foi o das micro e pequenas empresas — especialmente aqueles relacionados a vertentes do comércio, como turismo, hotelaria, restaurantes, bares, salões de beleza, academia, entre outros. Também foram bastante afetados profissionais liberais e microempreendedores que atuam com serviços que foram — ou ainda estão sendo — limitados durante a pandemia.
Por outro lado, percebemos setores que cresceram nesse período, como supermercados, deliveries, farmácias e, em nossa região, o agronegócio, que registrou uma safra recorde, com preços que garantiram uma boa rentabilidade.
Em função do histórico da cooperativa, que construiu uma relação de confiança com seus associados ao longo dos seus 30 anos, nós percebemos também que muitos associados preferiram deixar seus recursos investidos na instituição neste momento de pandemia. Isso também se somou ao fato de que muitas pessoas e empresas estão segurando alguns investimentos em expansão ou em novos negócios, optando por manter os recursos investidos, o que fez com que a cooperativa alcançasse um recorde no volume de depósitos neste período.
Acredito que novas competências já foram criadas. É uma nova dinâmica, que nos demanda sermos produtivos, mesmo com as equipes não estando lado a lado. Novas posições já foram criadas; algumas rotinas operacionais já estão sendo substituídas por automatização, muitas outras funções deixarão de existir. É uma grande mudança de mindset, e os que não permitirem estas mudanças no modelo mental possivelmente ficarão pelo caminho. Porém, precisaremos evoluir muito nosso modelo de leis trabalhistas para que isso aconteça de forma mais efetiva, já que algumas têm quase um século e não preveem esta nova realidade.
