Vencedor do Prêmio Influenciador Coop 2022, Marcelo Vieira Martins não esconde sua paixão pelo cooperativismo. Seus olhos brilham e o sorriso domina seu rosto quando é convidado a falar sobre o movimento que ele considera a forma mais equilibrada de organização humana. Formado em Administração de Empresas, sua trajetória profissional começou por um acaso do destino em uma cooperativa de crédito. “Queria trabalhar em uma agência bancária e comecei a distribuir currículos. Não tinha nem ideia do que era uma cooperativa”.
Hoje, 25 anos depois, ele é diretor executivo da Unicred União, mesma instituição que lhe deu a primeira oportunidade de ser um porta-voz ativo dos benefícios que o modelo de negócios cooperativista proporciona à sociedade. “O coop produz de verdade, distribui de modo justo e cada um é livre para participar”, defende.
Emocionado e feliz com o Prêmio Influenciador Coop 2022, decidido por votação popular, Marcelo falou um pouco mais sobre sua história no movimento e destacou seu desejo de difundir cada vez mais suas ações. “Eu assumi um compromisso comigo mesmo de devolver para a comunidade, para a sociedade, tudo aquilo que pude ter, todos os ensinamentos, o crescimento pessoal e profissional que o cooperativismo me proporcionou”.
Com site próprio, Instagram, Facebook, canal no Youtube e página no Linkedin, dois livros publicados e mais dois a caminho, Marcelo dedica praticamente todo o seu tempo ao cooperativismo.
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Como foi o início da sua trajetória profissional no cooperativismo?
Eu tinha 25 anos e queria trabalhar em uma agência bancária. Comecei a distribuir currículos e um deles ficou em uma agência do Sistema Unicred. Só que eu não tinha a menor ideia do que era uma cooperativa. Acabei sendo selecionado, entrei e tive o prazer de pegar uma cooperativa muito jovem, começando e pude fazer parte da história dela também. Então, a história dela é minha história profissional, já que estou comemorando 25 anos no Sistema.
Quando comecei o cooperativismo ainda não tinha o status que tem hoje. Ninguém falava – ‘eu vou estudar, porque vou trabalhar em uma cooperativa’. Diferente de hoje, em que as pessoas estudam e fazem faculdade, pós-graduação para trabalhar em uma cooperativa. Tem gente que sai dos bancos para ir para uma cooperativa para ter uma profissão melhor, uma qualidade de vida maior. Então, essa transformação eu tive o privilégio de ver desde o começo, e vivenciar a realidade atual, que conta com uma governança de nível internacional e uma alta capacidade de proteger seus ativos e seus cooperados.
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E quando você percebeu que o cooperativismo é diferente e se apaixonou por ele?
Acho que desde o começo já foi possível perceber que o atendimento ou um produto feito por um uma cooperativa tem diferenciais importantes. Observei que na cooperativa, por exemplo, o cooperado era visto como uma pessoa e não como um número, ele era bem tratado, a gente se preocupava sempre se aquilo era bom para ele ou não. E, se ele estivesse errado, a gente corrigia, algo que não acontecia nos bancos. Quando percebi isso eu vi que trabalhava no lugar certo. Em um lugar que permitia também que a gente pudesse experimentar, ser criativo.
Inclusive, lançamos a primeira agência virtual do cooperativismo brasileiro, porque tivemos liberdade para fazer, tentar e buscar novas soluções e oportunidades.
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Como começou esse trabalho como influenciador?
Então, eu gostei do cooperativismo desde o começo e tudo o que eu via me fez gostar ainda mais. Agora, a consciência sobre a importância do cooperativismo eu tive mesmo há uns dez anos. Comecei a perceber que estávamos fazendo muito mais do que pensávamos, só que não registrávamos nem falávamos com as pessoas. E isso precisava ser dito. Foi quando comecei a perceber que eu tinha um espaço para fazer algo novo para devolver o que recebi enquanto profissional, na minha carreira, e todo esse movimento para divulgar o cooperativismo é um movimento feito de coração.
Minha vida profissional ainda é ser diretor de uma cooperativa onde eu ganho meu rendimento, eu pago as minhas contas. Esse trabalho de difundir o cooperativismo é voluntário. Não ganho absolutamente nada financeiramente, mas me dá uma satisfação imensa de poder fazer isso, de falar sobre isso. Eu assumi um compromisso comigo de devolver para a comunidade, para a sociedade tudo aquilo que pude ter, todos os ensinamentos, o crescimento pessoal e profissional.
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Você já lançou dois livros e tem mais dois quase prontos. Esses livros também são sobre cooperativismo?
Sim, são. O primeiro partiu da ideia de compartilhar o case sobre a primeira agência digital do cooperativismo brasileiro, em 2016. Essa agência nasceu antes mesmo dos bancos digitais que só vieram um ano depois. Esse foi um case importante na jornada da nossa cooperativa e a gente percebeu que precisava contar essa história para outras coops. Como fazer isso? Resolvemos fazer um livro, tivemos uma assessoria incrível e conseguimos. O título é Feito à Mão, que é como eu vejo o cooperativismo.
O livro foi lançado e estávamos na divulgação em livrarias quando veio a pandemia da Covid-19. Pensamos que tinha estragado o lançamento, mas as coops precisaram intensificar seus processos de digitalização durante esse período e o livro tinha tudo o que elas precisavam naquele momento. Incrivelmente, começamos a receber visitas do país inteiro para conhecer nossa agência em Joinville e mais de 200 pessoas das coops brasileiras vieram também. Várias agências digitais foram criadas no Brasil, de todos os sistemas diferentes, e também do nosso e aquilo nos deixou inspirados a falar mais de cooperativismo.
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E o segundo livro?
No segundo resolvemos fazer o Coop Book - Cooperativismo de A a Z. Nele, cada letra do alfabeto é um verbete sobre algo do cooperativismo, algo que qualquer pessoa leiga ou que conheça um pouco mais consiga entender facilmente o que a gente quer promover. Vendemos 7 mil unidades desse livro, e a verba arrecadada foi 100% destinada para o nosso projeto social, que ajuda crianças. Assim, conseguimos, a partir de uma história, promover o cooperativismo, arrecadar dinheiro e ajudar a comunidade.
A partir dali foi um passo para a gente poder falar sobre o coop também nas redes sociais, sobre os cases, sobre o dia a dia. Como é o dia a dia de um executivo em uma cooperativa? Como é o dia a dia do cooperativismo? Eu acredito bastante que, com esses exemplos, vindos de uma pessoa que não é a empresa, mas representa uma causa, é possível engajar outras pessoas e criar modelos do tipo ‘eu também quero ser assim; eu gostaria de seguir esse caminho’. Quanto mais pessoas ouvirem, mais o cooperativismo vai crescer.
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Vencer o Prêmio Influenciador Coop 2022 é um diferencial? Como você se sente?
Só de ter sido indicado como um dos finalistas já foi um prêmio. Independentemente de quem ganhasse esse título, todos os cinco indicados estão divulgando o cooperativismo nas redes sociais, no país todo. Então, acredito que esse é o verdadeiro ganho, vender o coop para todo mundo. Esse é um trabalho de muitas pessoas, uma equipe enorme. Sou apenas um porta-voz. Mas, não tenho nenhuma dúvida de que ter sido indicado e escolhido como o influenciador do ano dará ainda mais credibilidade ao nosso trabalho. Quando as pessoas forem ver uma postagem sobre cooperativismo vão ver também que ela é de alguém que foi indicado e ganhou o prêmio. Então, temos que usar isso como uma alavanca, como um impulsionador. Acho que esse prêmio dá ainda mais força para continuar o que já fazemos.
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Pode falar um pouco sobre os outros dois livros que estão a caminho?
Claro! O terceiro, que vamos lançar logo no início do próximo ano, também é um Coop Book com o título Diálogos. Nele, eu trago uma compilação de colunas que escrevo para um jornal de Santa Catarina sobre temas variados que vão desde gestão de pessoas, comunicação e divulgação do cooperativismo. Convidei 15 pessoas cooperativistas, dirigentes, jornalistas e escritores e pedi a opinião deles sobre esses temas para complementar, comentar ou contrapor meu ponto de vista. Então, é um livro riquíssimo, com visões diferentes.
Já o quarto vai falar sobre o cooperativismo que a gente não vê e que resolve as coisas com ações simples, silenciosamente. Exemplos como os que vimos durante toda a premiação do SomosCoop Melhores do Ano. Cooperativas que estão isoladas em um ponto do país fazendo um trabalho maravilhoso. Fizemos uma pesquisa a nível nacional de forma conjunta com jornalistas e descobrimos muitos desses cases. Então, é sobre o cooperativismo que não está na TV, no Rádio, nas grandes cooperativas, mas sim, nas pequenas, como uma de detentas no Pará que arrecada fundos para ajudar na ressocialização delas quando deixarem o presídio. Uma cooperativa que produz artesanato e vende para arrecadar shampoo, sabão e outros itens para dar uma qualidade de vida mais digna a essas pessoas.